O MAIOR IDIOTA DE TODOS SOU EU!
Sinto-me o mais parvo dos parvos quando os parvos me confundem.
O mais triste dos tristes quando os tristes me entristecem.
Sinto-me confundido com a confusão do discurso
de políticos, influenciadores, empresários, bêbados.
Sinto-me frágil com a fragilidade dos fracos, dos pobres, dos miseráveis
que não escolheram sê-lo, é certo, sem noção
do incómodo que causam.
Sinto-me tonto com o nevoeiro das mentiras,
dúctil, pesado de tão leve e o contrário também,
sinto-me agoniado com a agonia alheia,
perguntando-me porque sofrem todos os que estão a mais,
vão-se embora, desistam, desapareçam, façam-se invisíveis,
deixem-me à vontade neste local pois
tenho direito a ser feliz.
Mas não me sinto feliz
com a felicidade alheia,
ao invés, seus cretinos,
de ofuscarem o meu brilho, de atalharem o meu sucesso,
vindes aqui (não mereceis sequer um vêm aqui) atrapalhar,
fingir-se heróis, ou génios, ou talentosos de qualquer coisa que vai
da bola ao berlinde do bolo ou bule da mania à teimosia
e não passa sequer disso.
Dêem-me idiotas para me sinta idiota, e nessa idiotia
me compraza.
O mais idiota de todos.
(um original escrito à pressa por António A. Eliecer)