50º à sombra
(21/08/2019 – Poemas do crepúsculo)
O calor tropical atravessou Lisboa
Sem lhe tocar.
No hemisfério norte corpos gordurosos
Ardem
E a vida humana é igual
A outra vida qualquer.
A outra morte qualquer.
Uma massa de ar quente
Pesado e suja
Subiu dos lados do Sahara
Pelas portas do fundo da Europa
E bateu ao de leve
Na fronteira portuguesa,
Espanha arde
Nenhum Pueblo escapa
Vingado 1580
Nem as laranjas se salvaram.
Já ninguém fala no aquecimento global
Não é que não haja aquecimento
Mas agora é terminal.
O termómetro acabou de tocar nos 60 graus
E a água do mar na Caparica
Começou a fumegar.
Os lisboetas
Alcandorados aos miradouros da cidade
Do castelo de são Jorge
Ou no cimo de sintra na serra
Contemplam o ocaso
E o esquecimento.
Animem-se portugueses
Já só faltam vocês,
Como em tempos de humanidade
Voltaram a ser pioneiros.
Os primeiros a estar sozinhos
Valente povo nação infelizmente
Não imortal,
Meu país das maravilhas,
Portugal.
(da serie dantes já era assim
de Pajorodalsa)