“Através desta declaração, queremos expressar a nossa preocupação com os últimos desenvolvimentos no nosso país. Acreditamos firmemente que, neste momento crucial, é de importância extrema evitar os excessos, mostrar coesão nacional para preservar a nossa posição na eurozona e na UE, e recuperar credibilidade na comunidade internacional. Além disso, o programa de consolidação fiscal, esquissado juntamente com os nossos parceiros da União e outros credores como o FMI, devia caracterizar-se por consequências recessivas tão baixas quanto possível e pelo nível mais alto possível de protecção social, dirigido ao crescimento e criação de emprego no sector privado tão depressa quanto possível. O prolongamento da incerteza política levou a economia a uma recessão renovada, inverteu o declínio no desemprego, baixou a receita fiscal e aumentou o défice público.
Tendo em conta que as propostas dos nossos credores e do governo grego estavam a convergir desde a última sexta-feira, acreditamos que o que está verdadeiramente em conta no referendo próximo, independentemente da formulação da pergunta, é se a Grécia permanecerá ou não na eurozona e, possivelmente, se se manterá na própria UE.
O financiamento da economia grega pelos países da eurozona foi suspenso no fim-de-semana, depois do governo grego ter abandonado as negociações, numa altura em que não parecem estar disponíveis quaisquer alternativas de financiamento. Estamos agora na primeira fase de um processo traiçoeiro que, se não for urgentemente revertido, levará a caóticos incumprimentos da dívida e à saída da zona euro. O encerramento dos bancos e o controlo de capitais (até hoje evitados durante a profunda crise que vivemos) constituem apenas a primeira ruptura com a eurozona e a própria União.
Acreditamos que as consequências recessivas de um incumprimento da dívida e da saída da zona euro, especialmente de uma forma tão caótica e superficial, serão piores do que um compromisso doloroso com os nossos parceiros da União e do FMI. A saída desordenada do nosso país do núcleo duro da Europa terá consequências económicas, sociais, políticas e geopolíticas desastrosas.
Consequências de curto prazo: encerramento de bancos, diminuição do valor dos depósitos, declínio acentuado do turismo, escassez de produtos básicos e matérias primas, Mercado negro, hiperinflação, falências de empresas e um grande aumento do desemprego, diminuição rápida dos salários reais e do valor real das pensões, recessão profunda e problemas sérios no funcionamento do sistema público de saúde e da defesa, bem como agitação social.
Consequências de médio-prazo: isolamento internacional do país, sem acesso ao mercado internacional de capitais por vários anos, baixo crescimento e investimento anémico, desemprego elevado combinado com altas taxas de inflação, suspensão do fluxo de fundos estruturais, declínio significativo no nível de vida, diminuição das disponibilidades dos bens e serviços públicos básicos.·
Todos estes desenvolvimentos não deviam ter sucedido após 5 anos de grandes sacrifícios por parte do povo grego, com um tremendo ajustamento fiscal e justamente quando a economia começava a recuperar, com expectativas favoráveis para novo alívio das nossas obrigações com a dívida pública. Não deviam ter acontecido num período em que a economia europeia volta a taxas de crescimento positivas e outros países europeus periféricos começam a crescer e a reduzir o desemprego. Não deviam ter sucedido num tempo favorável para mais integração europeia que beneficiará o Sul, e quando o BCE apoia o crescimento com excesso de liquidez a taxas de juro zero.
Deixar a eurozona, especialmente desta forma caótica e superficial, levaria provavelmente também ao processo de saída da União, com consequências imprevisíveis mas decerto desastrosas para a segurança nacional e a estabilidade democrática do país. Por todas estas razões, a Grécia deve permanecer no “coração” da UE, que é a eurozona.
Por todas estas razões, a nossa resposta inequívoca à questão real do referendo é: SIM. Sim à Europa.
(tradução minha)