A próxima semana da União Europeia gera grandes expectativas.
São pelo menos três os motivos para essa ansiedade:
– Porque durante a semana o novo Presidente da Comissão Europeia vai revelar a fonte do plano de investimentos de 300 mil milhões de euros (!). Dinheiro novo, público ou privado, aproveitamento dos fundos estruturais ou outra solução qualquer, são interrogações que têm alimentado a especulação nas últimas semanas. Será em todo o caso a pedra de toque da nova Comissão, uma promessa de Juncker muito discutida, que é parte essencial do seu projecto e do programa do executivo europeu. Veremos que coelho sai da cartola do político luxemburguês e como o avaliarão os europeus.
– Na segunda-feira, Donald Tusk assume funções como novo Presidente do Conselho Europeu, em substituição de Van Rompuy. Muita expectativa também quanto à forma como se portará à frente da instituição este dirigente do leste europeu, o primeiro dos novos países a estar à frente de uma grande instituição europeia, originário de uma Polónia que cresce numa Europa em crise, país sensível a tudo o que vem de leste (Federação Russa e… Alemanha); Tusk sabe que terá de se elevar acima do conteúdo formal das suas funções e ser muito mais do que um mero gestor de conferências e representante simbólico dos 28; isto se quiser ter sucesso, bem entendido.
– A terceira razão para as expectativas é a votação da moção de censura à Comissão Juncker, logo a abrir o seu mandato. A razão é conhecida – o chamado Luxleaks, isto é, os negócios entre a banca luxemburguesa e as grandes empresas com a evasão (ou elisão) fiscal como objectivo – e o resultado da votação, praticamente também já decidida (PPE e Socialistas já anunciaram que não votarão favoravelmente a moção, o que de imediato a condena); mas importa perceber como se portará o novo Presidente, que argumentos vai usar (alguns são conhecidos) e como vão reagir os eleitos do Parlamento Europeu. No fundo, trata-se de tentar recuperar o estado de graça tão depressa perdido, o que não será fácil.
Proponho pois que estejamos atentos. Os assuntos da Europa da União continuam na ordem do dia e, como se vê, a gerar expectativas, interesse e controvérsia. Ainda bem (digo eu).