O meu amigo Luís, há muito anos a viver em Bruxelas, um homem do mundo, enviou-me algumas palavras sobre o que está em causa no referendo de hoje. É uma reflexão interessante e ele autorizou-me a partilhá-la aqui. Um pouco à laia de “food for thought”, de que bem precisamos, quando condimentada a gosto e com sabedoria.
“Qualquer que seja o resultado será importante para as outras regiões Europeias com veleidades independentistas, maxime Catalunha e Flandres. Muito depende do que se pretende de um pais. Dois ou três comentários.
i) “Independence=road to oblivion” na cena internacional. Veja-se a Noruega que mesmo com os milhares de milhões dos petrodolares por vezes esbanjados em conferências internacionais não consegue estabelecer-se como ” meaningful player” na cena internacional.
ii) Incerteza económico-financeira – é óbvio que as empresas, bancos e outros criadores de riqueza se questionam e têm sérias dúvidas da motivação dos independentistas…da viabilidade do Estado então criado, da carga fiscal, da corrupção, etc, etc. Como o dinheiro não conhece fronteiras sairá do novo país em grandes quantidades. As multinacionais Americanas serão as primeiras a sair porque elas sobretudo não têm coração. No caso da Escócia, e como o petróleo acabará mais cedo do que tarde, será um problema bicudo. Um clima inóspito e muito a Norte da nossa Europa não é um destino apetecível mesmo com os prémios oferecidos aos gestores que para lá vão trabalhar. Tornar-se uma nova Suíça? Não é assim tão fácil como sabes…outros tentaram mas falharam
iii) Ao nível jurídico estes novos países terão que se juntar à fila, atrás da Sérvia, para a adesão à UE. Não é automático pois há um processo a respeitar. Esse tem sido o mais forte dissuasivo da independência da Flandres por exemplo. Sim a retórica continua…mas não passa disso mesmo: retórica. Wait and see…”