No Observador, prossegue o debate com o João Marques de Almeida a propósito da escolha ou não de Jean-Claude Juncker como próximo Presidente da Comissão Europeia.
Ontem, publiquei a minha resposta à sua resposta:
Meu caro Paulo, (não) percebeste (nada d)o que escrevi(?)”.
E dou por encerrado, pela minha parte, a troca de opiniões a este respeito naquele jornal. Em resumo, e para simplificar, o que está em causa é o seguinte:
Se Juncker for o próximo Presidente da Comissão Europeia, trata-se de um atentado à democracia e uma violação do Tratado de Lisboa? O João acha que sim. Eu pretendo que não.
A ideia de que o Conselho Europeu é uma instituição mais democrática do que o Parlamento Europeu faz sentido?
O João acha que é. Eu não concordo com isso.
Pretender que o essencial das decisões – ou, pelo menos, as decisões essenciais – seja uma prerrogativa dos chefes de Estado e de governo reunidos em Conselho Europeu é uma tomada de posição intergovernamental ou não?
O João acha que não (embora a certo ponto se questione qual é o mal do intergovernamentalismo, afinal, segundo ele, a base da construção da União); eu pretendo que é exactamente essa a definição de intergovernamentalismo, pondo ainda por cima em causa o método comunitário – é o oposto dele, também ao invés do que diz o João -, esse sim o factor fundamental da integração europeia.
Finalmente, pode o intergovernamentalismo contribuir para o fim da União e, em consequência, levar a uma Europa de novo dividida e, por isso, susceptível de derivas fundamentalistas, totalitárias e perigosas, como no passado?
O João e todos os governamentalistas acham que não (pode o intergovernamentalismo contribuir para o fim da União e ainda menos, mesmo que a União finde, contribuir para o regresso ao passado), eu não tenho tanto a certeza; na dúvida, prefiro não brincar com o fogo.
Disse e repito-o: esta é uma luta que terá de ser travada no futuro próximo, se a pressão dos eurocépticos e dos que pretendem acabar com a União se intensificar. Não vale a pena esconder a cabeça na areia, mas vale a pena lutar por aquilo em que acreditamos.
O debate tem de ter lugar, tem de continuar, tem de encontrar o seu espaço no espaço público!
Eu acredito na União Europeia.