Há algum tempo, fui convidado a participar como cronista nesta nova aventura jornalística – o Observador -, que para mim não passa de um passo mais na busca, que é global, de novos caminhos para os jornais (e para a comunicação social em geral).
Aceitei com gosto, como sempre gosto de aceitar os desafios que são estimulantes, porque de sucesso não garantido à partida. Fui ainda assim alertado, por amigos e conhecidos, para o risco de participar num projecto que (segundo eles e outros, que não são nem amigos nem conhecidos) cheirava a “ultra-liberalismo”.
Confesso que sempre tive dificuldade em lidar com chavões, sobretudo quando têm pouca base científica. Mas, tendo eu um conjunto (espero que sólido) de convicções, ideais e princípios que, em muitos casos, são entre si conflituantes (pois é), não me pareceu que o facto de fazer parte de um desafio, sob todos os outros ângulos, aliciante, fosse contribuir quer para a minha descredibilização quer para abundar no sentido do tal “ultra-liberalismo” que não sei bem o que é. Aceitei, claro.
E estou naturalmente encantado. Até agora, o jornal cumpriu as suas promessas. E, na questão “ideológica” em apreço, permite-me até discordar de opiniões que desafiam as minhas, com total liberdade e frontalidade. Afinal, se “ultra-liberalismo” significar liberdade total para concordar, discordar e debater ideias, então eu sou ultra-liberal.
Mas atenção: só se significar isso. Isto é: quem disser isso de mim, se faz favor, publique pelo menos a frase anterior…
O que está em causa é o nosso futuro.