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Campanha para as eleições europeias: sete razões para me preocupar.

Em tempo…

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Início de campanha eleitoral. Comentários.

1 – Quantos portugueses conhecem, a menos de duas semanas de ir às urnas, os candidatos a Presidente da Comissão Europeia e as suas propostas para a União Europeia? Recordo que essa é a grande novidade destas eleições. Quantas vezes – em que circunstâncias e para que públicos -, falaram disso os candidatos portugueses? Terão os cabeças de lista a estas eleições falado publicamente do que defendem os propostos pelos seus respectivos partidos políticos europeus? Quantas vezes explicou Paulo Rangel o pensamento e o programa de Jean-Claude Juncker, candidato proposto pelo Partido Popular Europeu – PPE (a que o PSD pertence)? E o mesmo se pergunte a propósito de Nuno Melo (o PP também integra o PPE). E quantas vezes explicou Francisco Assis o pensamento e o programa de Martin Schulz, candidato proposto pelo Partido dos Socialistas & Democratas Europeus  (a que o PS pertence)? E já agora, quem explica aos portugueses o ideário do belga Guy Verhofstadt, que concorre pelos liberais, do grego Alexis Tsipras, pela esquerda radical, do francês José Bové e do alemão Ska Keller pelos Verdes?

A reflexão sobre a natureza europeia destas eleições começa por aqui. Infelizmente, julgo que a Europa, que não tem estado muito presente na pré-campanha, ausente continuará na campanha propriamente dita. Depois não se queixem da abstenção…

2 – Aliás, e embora as sondagens conhecidas valham o que valem – e valem alguma coisa, apesar das diferenças entre elas -, tudo o que parece interessar aos agentes políticos, comentadores e comunicação social, é por quantos vai o PS ganhar ao PSD. Nessa pequena consideração, cabe tudo: o futuro de António José Seguro (e concomitantemente, de António Costa e de muitos outros no partido socialista), a maior ou menor margem para medidas eleitoralistas entre estas eleições e as legislativas de 2015, o resultado destas (disparate?), até a corrida presidencial; cabe tudo, repito, menos… a Europa.

3 – Tenho aliás uma (pequena) curiosidade: quanto da campanha será dedicado à situação na Ucrânia? Não é por nada, mas talvez naquele rincão da Europa se esteja a decidir muito do nosso futuro. Que tempo lhe dedicarão em Portugal os candidatos às eleições?

4 – Um assunto fundamental – seminal, nuclear, decisivo, transcendente, e todos os adjectivos que lhe queiram aplicar – respeita ao futuro da União Europeia: estas eleições são fundamentais para a sua discussão. Tudo deve estar em jogo, da arquitectura constitucional, com a questão democrática em fulcro, até à mutualização das dívidas, solidariedade europeia, reforma das políticas principais, utilização dos fundos estruturais, relação com a vizinhança (a Ucrânia de novo, mas também a fronteira sul)… vamos então aguardar pelos debates e avaliar a forma como estes assuntos são tratados.

5 – E eis um ponto que, sim, embora respeite a Portugal, merece ser amplamente avaliado e discutido nestas duas semanas: a utilização dos fundos estruturais no nosso país no novo quadro a 7 anos que agora se inicia. Eu sei que há uma orientação genérica do governo – com a qual até estou genericamente de acordo -, sei que a oposição já se pronunciou genericamente sobre ela, que há uma opinião genérica sobre a má utilização dos fundos no passado, opinião essa da generalidade dos comentadores que, de forma atávica (ou estrábica?) concluem que os fundos continuarão a ser genericamente mal utilizados no futuro; sei tudo isso, muito genericamente, claro, mas parece-me que esta seria a ocasião para concretizar, fundamentar, objectivar, precisar o debate e a reflexão sobre um tema tão crucial para todos nós! Caramba (perdão…), o estudo da Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a ser apresentado por estes dias, mostra bem o fraco resultado da utilização dos dinheiros europeus (que recebemos, recordo, desde bem antes da data da adesão, em 1986)! Não deviam aproveitar-se as eleições para debater o assunto a sério?

6 – As listas. Muito me têm perguntado amigos e conhecidos a opinião sobre as listas. Em vez de nim, respondo-lhe: bás. Isto é, nem boas nem más. Desde logo, há 17 partidos candidatos. 17, quase um por cada deputado a que temos direito (21). Não será de mais? Há gente excelente, claro. Não vou dizer os nomes de ninguém, porque senão aqueles que eu não referir vão-se zangar comigo e isso não quero, porque gosto de me dar bem com toda a gente. Mas há na lista dos socialistas duas senhoras de grande qualidade intelectual, experiência comprovada, pensamento na matéria, créditos firmados; na lista dos PSDs/PPs, alguns candidatos conhecem a fundo a máquina do Parlamento, são reconhecidos pelos pares, competente e boas pessoas (digo eu); o cabeça de lista de um partido novo já esteve também na instituição (ainda lá está) e é um homem sagaz e (também) com pensamento relevante sobre a reforma constitucional, institucional e de hábitos necessária para as bandas de Estrasburgo; o BE e o PC reconduzem incumbentes, suficientemente vigorosos e combativos para fornecer a estas eleições a indispensável dose de conhecimento, contestação e alternativa… etc etc (não se zanguem os que não se reconhecerem em nenhuma destas referências, eu prometo que volto ao assunto nos próximos dias, afinal temos 14 dias para preencher…); ah, e também não vou mencionar um dos mais polémicos candidatos, antigo bastonário de uma ordem que não especificarei para não o reconhecerem. Sabem que mais? Afinal, até estamos perante um grupo bem animado, policromático e activo de candidatos!

7 – E então, como será a campanha? Europa sim ou não? Nim. E isso é bom ou mau? Bau. E afinal, sim ou sopas? Simpas.


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