EURATÓRIA

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Monthly Archives: Dezembro 2013

FELIZ NATAL

Um Natal feliz a todos os meus amigos, aos companheiros na longa caminhada pelo percurso da integração europeia, aos leitores deste blog, aos meus convidados e a todos os portugueses e europeus de boa vontade. Espero em breve – e logo no início de 2014 – passar também a contar no Euratória com a colaboração de alguns dos meus amigos e colegas europeus, das mais variadas nacionalidades. Boas festas a todos!

Mário Draghi, ou a falácia do falso dilema

O que parece, em geral, é?

Mário Draghi, ao colocar a questão que colocou – Portugal terá de ter um qualquer programa no final do período de resgate -, sabe de algo que o comum dos mortais não sabe (oposição incluída) ou limita-se a reagir perante a incerteza da situação, isto é, decisões do Constitucional, evolução da economia europeia (ameaças de instabilidade sopradas de França, por exemplo), taxas de juro implícitas, etc.?

Versão benigna: o Presidente do Banco Central Europeu, perante as dúvidas mais que legítimas sobre o nível das taxas de juro (reais) disponíveis para o financiamento da nossa economia em Julho (e depois disso), falou “de forma abstracta” sobre a inevitabilidade de um programa, com contornos a precisar. Faz sentido? Claro, afinal as taxas de juro implícitas a 10 anos ainda rondam os 6% e esse é um valor que torna quase impossível a veleidade de uma saída “limpa”, à irlandesa. E até faz sentido, tratando-se de uma abordagem “em abstracto”, falar de um “qualquer programa” (e não em concreto de um programa cautelar), ao arrepio daquilo que prevê o quadro das modalidades de assistência conferidas ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

Versão maligna: Mário Draghi, as restantes instituições da troika e o governo português andam envolvidos em negociações preliminares sobre o futuro. Já assentaram na necessidade de um programa qualquer para o pós-troika que, em princípio e por estar previsto formalmente (no MEE, como referido), deverá ser um programa cautelar. Faz sentido? Claro que faz se considerarmos a natureza do autor das afirmações, que está mais do que habituado a que cada uma das suas palavras seja dissecada ao microscópio pela imprensa europeia.

Dito isto, qual será a verdade? Não sei, claro, porque não sou vidente, nem mosca, nem tenho acesso a quaisquer tipo de escutas ou informações confidenciais junto do presidente do BCE. Mas suspeito, permitam-me a ousadia, que haverá uma mistura das duas opções:

Conversas informais e privadas, uma opinião já formada por parte do senhor face à actual situação, a ideia de um programa cautelar que pode não se chamar assim e cujas condições (associadas) ainda se desconhecem; isto é, como quase sempre, das duas opções  escolhe-se a terceira…

Ucrânia e a política europeia de vizinhança

Nos últimos dias, a situação na Ucrânia tem-se complicado e torna-se difícil para os portugueses, e os ocidentais em geral, ter uma ideia clara sobre o que se está a passar: será a Rússia a má da fita? Terá a UE agido mal ao fazer pressão para o governo ucraniano tomar medidas relacionadas com a democracia e os direitos humanos, como a libertação de Timoshenko? Em que contexto e com que fundamento (e legitimidade) o fez? Será o maniqueísmo da opção entre a UE (e os acordos de criação de zonas de comércio livre) e a Rússia – na definição do alinhamento futuro do país – uma forma correcta de colocar a questão? Como abordar o problema de um povo que vive dividido – fundamentalmente dividido – entre uma visão russa e uma visão ocidental da vida, das alianças, das cumplicidade, da identidade (45% versus 55% aproximadamente)?

Relativamente a todas estas perguntas – e a montante da questão – está a política europeia de vizinhança e, em particular, a parceria a leste (eastern partnership). Para saber mais sobre o assunto, o melhor é consultar o texto (em inglês) resultante da recente Cimeira de Vilnius:

http://www.eu2013.lt/en/news/statements/-joint-declaration-of-the-eastern-partnership-summit-vilnius-28-29-november-2013