BCE assegura financiamento à economia na Zona Euro; próximo Presidente da Comissão Europeia “já mexe”; Edward Snowden é um dos finalistas do Prémio Sakharov
Algumas notícias da semana sobre a União Europeia, para quem não tem tempo de se preocupar com elas:
- Apesar dos avisos constantes sobre a insustentabilidade da zona euro e, não sendo masoquismo, do pessimismo militante de muitos comentadores sobre o respectivo futuro, as instituições europeias continuam atentas ao evoluir da situação e a tomar ou anunciar acções consequentes. Nessa linha, Draghi, Presidente do BCE, comunicou ontem a possibilidade de novas medidas para ajudar ao financiamento das empresas e das famílias na zona euro, nomeadamente através de renovados empréstimos de longo prazo aos bancos e de novos cortes na taxa de juro do Banco Central. Ao contrário do que muitos têm previsto (previram, prevêm e, provavelmentee, continuarão a prever), o BCE tem de facto funcionado como um estabilizador e um garante, assegurando até hoje (eu acredito que para sempre, no expectável horizonte permitido pela nossa falível e friável humanidade), que a zona euro sobreviva, primeiro, e se consolide, depois (um depois que é agora).
- De grande importância política, a notícia de que o Partido Socialista Europeu desencadeou um processo interno para a escolha de um candidato comum ao cargo de presidente da Comissão Europeia em substituição de Durão Barroso. É opinião generalizada que o português não se recandidatará, pelo que estas eleições têm também uma dimensão revitalizadora, como sempre acontece quando um incumbente de longo prazo (dois mandatos, neste caso) é substituído por alguém novo. Trata-se também de dar substância ao nº 7 do artigo 17º do Tratado da União Europeia saído de Lisboa, que estipula que a proposta de candidato ao cargo de Presidente da Comissão por parte do Conselho Europeu – feita por maioria qualificada (e isto tem a maior importância) – tenha em conta as eleições para o Parlamento Europeu. Aguarda-se então que os partidos europeus tomem a iniciativa de apresentar o seu candidato, o que naturalmente reforçará a relevância das eleições para o Parlamento Europeu. Voltarei ao assunto, em post autónomo.
- A escolha dos finalistas ao prémio Sakharov deste ano, por parte do Parlamento Europeu, transporta uma inequívoca mensagem política, que passou largamente despercebida em Portugal: a instituição, que todos os anos atribui este prémio – cada vez mais influente e respeitado um pouco por todo o Mundo – a personalidades que se destacam na luta pelos direitos humanos e nomeadamente a liberdade de expressão e pensamento, escolheu como 3 finalistas Malala Yousafzai, a adolescente paquistanesa que foi baleada por um talibã; o colectivo de ativistas bielorussos Ales Bialatski, Eduard Lobau e Mykola Statkevich, em nome de todos os dissidentes do país; e Edward Snowden, o antigo analista da NSA norte-americana, de momento exilado na Rússia. Num post a publicar brevemente incluo uma explicação mais desenvolvida sobre cada um dos nomeados. As repercussões do voto final, cujo resultado será anunciado já no próximo dia 10 de Outubro em Estrasburgo, poderão ser significativas…
Nos próximos dias lançarei através deste blog um pequeno exercício de antecipação sobre a escolha a fazer pelo Parlamento Europeu, dirigido aos meus amigos nas redes sociais. Ajudam-me?