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CROÁCIA

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Nestes dias de crise, económica, política e social, não posso deixar de assinalar a adesão do 28º membro da União Europeia. O que leva algum país a querer aderir à União numa fase tão difícil para esta e quando o apelo do processo europeu parece desvanecer-se um pouco mais a cada dia que passa?

  Imagem1

 

Publicado a 4 de Julho no site presseurop (cartoon de Stphff – Stephane Peray)

Nas cerimónias que celebraram a adesão do país não esteve presente a chanceler Merkel, no que foi visto por muitos como uma desconsideração para um país que esperou dez anos por esta data e que, sob muitos pontos de vista, mostrou sempre grande abertura para com os interesses alemães. Muitos outros comentários foram negativos: sobre o crescente desinteresse dos croatas, a indiferença dos seus novos parceiros, o risco económico…

A Croácia é o segundo país da antiga Jugoslávia a fazer parte do clube europeu, depois da Eslovénia. E ao contrário do que seria desejável, a saúde económica não é a melhor: com uma estimativa de 20% de desemprego e após 5 anos consecutivos de recessão, a Croácia arrisca-se a ser mais um “doente” europeu, à semelhança da generalidade dos países do sul e da própria Eslovénia. Ao mesmo tempo, a entrada no mercado interno e na zona de livre circulação de pessoas representa para os croatas a esperança de acesso a um espaço alargado de oportunidades bem como a garantia dos valores e segurança proporcionados pela União Europeia, prémio Nobel da Paz.

Este é o sétimo alargamento da “velhinha” Comunidade Europeia, fundada nos já longínquos anos 50 do século XX:

Primeiro, aos seis fundadores – Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo -, juntaram-se Dinamarca, Irlanda e Reino Unido (em 1973). Reunia-se assim o núcleo fundamental da Europa que fizera a guerra, a oeste da “cortina de ferro”.

Seguiu-se um trio, em períodos diferentes mas com um sinal comum: o alargamento a sul; Grécia primeiro (1981), seguida de Espanha e Portugal (1986), assinalaram a consolidação dos seus regimes democráticos, gravados na pedra dos tratados de adesão.

Veio depois um alargamento “rico” – o único, diga-se de passagem – à Áustria, Finlândia e Suécia – que de algum modo corrigiu a ausência da primeira da fase inicial da construção europeia e empurrou o processo europeu para Norte (1995).  

O grande alargamento, com a adesão de 12 novos países, ocorreu entre 2004 e 2007,  em duas fases: Chipre, Eslovénia, Eslováquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, República Checa entraram primeiro, Bulgária e Roménia três anos depois. Com a excepção das ilhas mediterránicas, com o seu simbolismo próprio, tratou-se da grande consagração, formal e simbólica a um tempo, da queda do Muro ocorrida quase duas décadas antes, e do advento de uma nova era, a do acesso dos países de leste à democracia e à economia de mercado. Claro que, para muitos comunitaristas e comentadores, este foi também o “passo maior que a perna” dado pela União, por razões aliás intrinsecamente ligadas às agendas políticas de alguns países europeus, ansiosos por alargar o seu círculo de influência. Talvez fosse… mas estava dado.

 27 países. Países a mais? Possivelmente. E, também, um aumento substancial do desequilíbrio interno da União, entre países ricos e pobres – nunca o fosso fora tão grande, ainda por cima em tempos de vacas magras (bem, ainda não o eram mas não tardariam a sê-lo… infelizmente).

Com a adesão da Croácia são já 28 os Estados-membros da União Europeia. Talvez seja excessivo. E são ainda candidatos oficiais à adesão a Islândia, a Macedónia, Montenegro, Sérvia e Turquia. E ainda não o são mas aspiram a sê-lo Albânia, Bósnia-Herzegovina, com outros potenciais candidatos a espreitar os vizinhos, indecisos sobre o rumo a tomar.

 Afinal, que mistério é este? Como é possível que um projecto político como o europeu, que tantos gostam de dizer doente, moribundo, já morto, continue a atrair tantos povos e Estados? A resposta é simples: a União ainda tem sedução e representa uma via clara e possível para assegurar estabilidade política e uma solução económica viável. Fora dela, a única proposta é a do passado, de um passado que quase nenhum dos povos referidos aspira a habitar.

 Esta é a grande questão que assola o espírito europeu: saber que caminho existe hoje para um continente em declínio, demográfica e economicamente, que já dominou o Mundo e hoje se confronta com uma globalização inelutável e com o advento dos povos antes subjugados do planeta. Como sobreviver à vaga de um futuro de inovação e competitividade que os europeus já não controlam sem colocar em comum recursos, partilhar riscos e objectivos (sim, também mutualizar dívida)?

 A resposta existente chama-se União Europeia. Pode haver outras, claro, mais eficazes, eficientes e sedutoras. Ou não. Mas se as há, é bom que alguém lhes dê nome e substância. Porque só dizer mal e ver o lado mau das coisas não leva a lado nenhum, não leva, sobretudo, a qualquer alternativa válida.

Até lá continuará a haver candidatos à adesão e muito poucos (nenhum?) desistente…


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