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Um partido à espreita

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Por: Luísa Meireles

O seu a seu dono. Lembro-me que foi Paulo Rangel que me alertou para uma das virtuosidades da chanceler alemã, Angela Merkel. A de que com a sua política de dois passos à frente e um atrás (ou um à frente e dois atrás?) na crise do euro, que exaspera os povos do Sul (ponhamos isto assim no plural), ter apesar de tudo conseguido manter os alemães no barco – que, aliás, continuam a tributar-lhe uns índices de popularidade invejáveis.
Segundo Paulo Rangel, um dos feitos notáveis de Merkel era precisamente o de, com a sua política de pequenos e cautelosos passos na crise, ter impedido que surgisse das fileiras do seu próprio partido uma corrente ou dissidência, que encarnasse o mal-estar alemão. Seria devastador, convenha-se. O partido Os Piratas vai por outro lado e não se percebe o que querem por enquanto.
Pois agora, aí está ele, o tal partido “dissidente” – A “Alternativa para a Alemanha” (Alternative für Deutschland), centrado em torno do economista Bernd Lucke, membro da CDU (o partido de Angela Merkel) durante 33 anos, até 2011. Tem a acompanhá-lo gente de peso: um ex-secretário de Estado do Hesse, Alexander Gaulland, o ex-presidente da Federação da Indústria Alemã, Hans-Olaf Henkel, um eurocético à prova de bala, entre outros.
Lucke diz que quer salvar a Europa: “há um cisma na Europa, a divergência e não a convergência”, afirma. É verdade. Só que a receita dele é radical: abolir o euro e regressar ao marco. Disse-o esta segunda-feira, no primeiro encontro público do movimento.
Em boa verdade, a “Alternativa para a Alemanha” ainda está na fase de recolher assinaturas para se registar e poder concorrer às eleições de 22 de Setembro. O partido quer capitalizar no crescente ressentimento alemão relativamente à crise do euro e ao custo que os alemães julgam estar a pagar (digo eu) pelos resgates dos países do Sul.
É grave? É. O quanto será? Não sei. Uma sondagem recente (TNS-Emnid) anunciava que 26% dos alemães considerariam apoiar um partido que fizesse campanha para abolir o euro. Mas uma outra sondagem, revela o EUobserver, também mostrava que 65% dos alemães querem manter o euro e só 35% prefeririam voltar ao marco.
A ver. Muita coisa pode acontecer até setembro. Mas, tendo em conta o que vai ocorrendo em outras latitudes, o cenário, mesmo o mais pessimista, pode ficar em aberto. Foi por isso que me inquietei quando li a notícia. E me lembrei do que dizia Rangel.

Luísa Meireles 130313


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