EURATÓRIA

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Monthly Archives: Fevereiro 2013

O meu blog

O meu primeiro texto nesta publicação é também o que fica em permanência como sua assinatura (perfil). Ele resume a visão e a ambição que explicam a génese de mais esta iniciativa, o gosto que é o meu por um projecto recente de 60 anos mas ainda actual, talvez mais actual do que nunca, a União Europeia, uma espécie de ideologia que, sendo-o, será talvez a última das ideologias. Este blog tem dois objectivos essenciais: ajudar a perceber melhor o que vai acontecendo neste projecto europeu, complicado, controverso e sempre em mudança; e convidar tantos portugueses e europeus quantos o queiram fazer a discuti-la (à Europa), com abertura, fervor, honestidade intelectual e empenhamento.

De pé sobre os ombros de gigantes “vi mais além”, escreveu Isaac Newton em 1676. Tal como ele, também a União Europeia deve muito a quantos lutaram pela união dos povos europeus, num continente desde sempre palco de guerras: gente como Podebrad no séc. XV, Erasmus de Roterdão e Benjamin Franklin, Kant e Vítor Hugo*, antecipando o dia em que os europeus unidos farão “as armas cair(vos) das mãos*”. Gigantes como o fundador Monnet. Mas gigantes, sobretudo, os europeus anónimos que ao longo de séculos sofreram a dor dos confrontos e a miséria causadas pela divisão europeia e por nacionalismos cegos. Um mal em si mesmo, a guerra revela o mal nos indivíduos, mesmo o mais banal. A guerra é, sabe-se agora (demorou tanto), o contrário de ser humano.

Nos últimos (quase) 30 anos participei modestamente no processo de integração ao serviço do Parlamento Europeu. Terminei a carreira por vontade própria, rendido à generosa ideia europeia, um processo fundamental mas falível – porque humano -, feito de avanços e recuos, medidas justas e excessos, progresso e burocracia. Livre dos constrangimentos da disciplina institucional criei este blog que, noutra forma e tempo, prolonga as crónicas “euratório” há anos escritas nas páginas do Diário de Notícias; nele partilho os poucos conhecimentos adquiridos, contando com contribuições de amigos, colegas e profissionais que conheci e apreciei ao longo dos anos. Aqui será assumida a defesa da União contra os erros e má vontade que por vezes a visam, aqui será livre e crítica a opinião e construtiva a discussão.

Ainda Newton: construímos Muros de mais e Pontes de menos. Tudo farei para que este blog seja também Ponte, uma de palavras, sons e imagens; ponte pequenina, mesmo só um parafuso, mas traço de união entre os que duvidam – até os cépticos – e os que acreditam ser a União Europeia uma obra de arte da engenharia política, um caminho entre margens distantes, a porta certa para o futuro a trilhar… sobre os ombros de gigantes.

Paulo Sande
Contemporâneo (europeu)